24/02/2010

Carla Cabanas



Tempus Fugit

:: Screening de novo vídeo ::

6ª feira [26/02/2010] 22h


Memória e Gesto
Texto de Bruno Leitão

“Sed fugit interea fugit irreparabile tempus” ("Mas ele foge: irreversivelmente o tempo foge" Públio Virgílio Marão in Geórgicas “A imagem é uma extraordinária montagem - não histórica - de tempo” Georges Didi-Huberman in Devant le temps Roland Barthes escreveu Câmera Clara da vontade de explicar e problematizar o efeito emocional que algumas fotografias têm sobre o seu “espectador”. Na altura a sua mãe tinha falecido, e Barthes carregava uma foto sua de infância. Distinguiu em leitura objectiva e externa ou por outro lado a leitura mais interna: que é emotiva, interna, a partir do detalhe e inexplicável. Chamou-lhes Studium e Punctum respectivamente. Teriamos portanto duas vias de mediação: uma em que se usam códigos e onde se falam de valores universais como a leitura política da fotografia, cultural. Outra em que não se usam códigos e que depende de uma relação personalizada com a obra, onde um risco ou o apagamento pode ter influência.Trata-se do campo pessoal. O presente trabalho de Carla Cabanas começa exactamente com o apagamento, neste caso pelo gesto, do conteúdo de uma fotografia. Fá-lo de forma orgânica estabelecendo-se uma ligação com a perenidade, decadência e mortalidade, aliás como o próprio título reforça. Para cada imagem há uma história, aqui a história original pode-se ter perdido por completo. A artista promove uma ligação entre a transformação da imagem num desenho e a transformação ocorrida ao perder o seu sentido original. O de preservar a memória e servir de suporte a uma história. Qual a diferença entre uma imagem que contém uma história da esfera privada ou por outro lado da pública? Como nos relacionámos com uma imagem que conhecemos e por outro lado com uma completamente nova?

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